Por Victor Akamine
Deixar uma longa carreira em uma multinacional renomada no Brasil não foi fácil!
Depois de quase 7 anos me dedicando a minha empresa no Brasil, tive a oportunidade de ser transferido internamente para nossa unidade no Japão: início de uma nova carreira, de uma nova cultura e de um novo desafio na minha vida.
Montei esta pequena lista abaixo com 5 coisas que logo aprendi ao começar a trabalhar no Japão:
1 – O Conhecimento tende ao infinito
Não importa o quanto você estude, o quanto você entenda sobre o comportamento das pessoas, o quanto você vivencie as mais diferentes situações no trabalho… O mundo é enorme, e o conhecimento se torna muito volátil à medida que você se distancia de seu país de origem.
A cultura e os costumes de outro país alteram muito o alicerce do conhecimento. Às vezes, o que no Brasil é um traço que todas as empresas procuram, no Japão pode ser uma característica muito negativa.
Um exemplo clássico: a famosa frase “Estou em busca de desafios!”, enquanto no Brasil enxergamos isso como algo crucial para a contratação de um bom colaborador, no Japão o olhar é um pouco diferente para esse perfil profissional. Na visão dos japoneses, aquele que sempre “busca novos desafios” pode ser um profissional que não ficará na empresa para sempre (que é o costume tradicional do profissional japonês).
Tive que redobrar minha atenção, dedicar meu tempo para, além de estudar japonês e novas tecnologias, ler diversos livros sobre comportamento, ética e etiqueta.
![Accenture Japão](http://omundoparainiciantes.com.br/wp-content/uploads/2017/09/AccDigital.jpg)
![Digital Hub Japão](http://omundoparainiciantes.com.br/wp-content/uploads/2017/09/Digital_Hub_Japan_Photo_2.jpg)
2 – A importância da pontualidade
Se você estiver dentro da tolerância estipulada já é um problema.
Em um país onde os trens funcionam perfeitamente, com horário de chegada e partida seguindo à risca a casa dos minutos, é inadmissível a falta de pontualidade. O comum para reuniões de negócios ou até simples encontros entre amigos é chegar ao menos 10 minutos adiantado.
Chegar em cima da hora pode passar uma má impressão e chegar atrasado, uma total falta de respeito.
![trem no japão](http://omundoparainiciantes.com.br/wp-content/uploads/2017/09/traiin2.jpg)
O maior problema que sofri com isso foi o fim dos “5 minutinhos” de sono pela manhã. Por outro lado, poder se programar com a certeza de que todas as pessoas/lojas/empresas irão cumprir os horários estipulados é algo realmente fascinante.
Uma curiosidade: uma transportadora marcou comigo o horário de uma entrega às 14:00. No dia da entrega, me ligaram às 13:45 pedindo permissão e “onegai” (por gentileza) para realizar a entrega um pouco mais cedo pois estavam adiantados. Excelente!
3 – Hou-Ren-Sou
Houkoku = Reportar / Renraku = Informar / Soudan = Consultar
![hourensou](http://omundoparainiciantes.com.br/wp-content/uploads/2017/09/hourensou.gif)
O Hourensou é um comportamento básico da cultura corporativa no Japão, aqui é exigido fortemente uma clara comunicação entre líderes e liderados. Reuniões de alinhamento são constantes: dependendo do setor, até duas reuniões são feitas diariamente para entender a evolução do projeto.
Ser claro, sucinto e objetivo é o segredo para otimizar o seu tempo e tempo do seu líder, um grande exercício de síntese!
4 – Outliers existem no mundo todo
Trabalho em uma empresa japonesa onde há diversos profissionais estrangeiros, e é incrível o número de pessoas geniais que existem no mundo. Pode soar preconceituoso, porém sabemos que muitas vezes somos direcionados a admirar os Americanos, os Ingleses, os Japoneses; Profissionais de países de primeiro mundo.
Mas me impressionei como existem pessoas geniais em todos os lugares do mundo, trabalho com indianos, chineses, tailandeses e um é mais surpreendente que o outro. Realmente são pontos fora da curva!
E diga-se de passagem, uma das figuras mais respeitadas na empresa é nada menos que um Diretor Brasileiro!
5 – O mundo acadêmico pode ter sinergia com o mundo corporativo
Por muito tempo vivenciei de perto a rixa que existe entre o mundo acadêmico e o mundo corporativo no Brasil. De um lado, os professores da universidade criticando o modo capitalista das empresas; do outro, as empresas cada vez mais se distanciando de pesquisas e inovações, e buscando principalmente o lucro desenfreado.
Posso dizer que tive sorte, porque apesar de trabalhar em uma empresa com foco no lucro, é também focada na inovação e no desenvolvimento intelectual dos colaboradores.
Porém, no Japão é quase um consenso geral de que todas as empresas e universidades devem ter um forte elo, em um cenário onde as empresas investem nas pesquisas das universidades e as universidades provêm espaço para a divulgação dessas empresas para seus alunos.
A empresa para qual trabalho no Japão inclusive estende esta participação para colégios do ensino médio, provendo seminários sobre tecnologia e auxílio para entrada no mercado de trabalho.
O beneficio é evidente quando vemos a recepção abarrotada de recém graduados procurando emprego em nossa empresa, e também quando estamos em reuniões de soluções e diversos tipos de soluções baseadas em pesquisas acadêmicas são discutidas.
![Accenture Japão](http://omundoparainiciantes.com.br/wp-content/uploads/2017/09/Accenture.png)
No mais, estes são os pontos que aprendi rapidamente em poucos meses trabalhando no Japão. Sei que ainda tenho muito mais a aprender, e claro, compartilharei com vocês os próximos passos desta nova jornada.
Obrigado a todos
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