Por Victor Akamine
“Viajar pra quê? Basta olhar os lugares que você quer ir no Google Imagens ou Google Street View. É a mesma coisa!”. Este era o conselho que eu sempre dava para quem vinha falar de viagens comigo 3 anos atrás.
Com esta “maravilhosa” frase começo o meu primeiro texto. Meu nome é Victor Kendy Akamine, e como vocês já devem estar se perguntando, por quê uma pessoa como Eu está escrevendo para um blog de viagens?
Como mencionei anteriormente, há pelo menos 3 anos o meu conceito, ou pré-conceito, sobre viagens era algo muito diferente do atual. Talvez por estar sempre focado no trabalho, talvez por ter medo de estar em algum lugar que eu não conheça, ou por pura ignorância mesmo.
Sempre fui uma pessoa ligada a rotina, metódica e que sempre julgava nunca ter tempo para nada. E fui assim grande parte da minha vida, onde nunca me dei o direito de tirar férias maiores que 4, 5 dias para visitar a minha avó no Mato Grosso do Sul ou curtir uma praia em Ubatuba. Não que tenham sido férias ruins, muito pelo contrário, eram incríveis, mas obviamente, férias que já faziam parte da minha rotina.
Há dois anos tive a primeira experiência que mudaria minha forma de pensar. Eu e minha namorada, na época, estávamos planejando uma viagem para os EUA onde iriamos visitar a Disneylândia e mais alguns parques por lá. Eis que, caso vocês se lembrem, foi neste fatídico ano de 2015 que tivemos a alta do dólar recorde para o período.
Com o dólar indo ladeira acima, vimos os nossos sonhos de uma viagem internacional descerem ladeira abaixo. Lembro bem de naquele momento, já desanimado, procurar alternativas em viagens dentro do Brasil, porém não seria a mesma coisa, pois o principal motivo da viagem para os EUA era o de ir na Disneylândia que até então era o sonho de infância da minha namorada.
E foi durante este período difícil para tomar alguma decisão que decidi tomar então uma decisão mais maluca ainda. Decidi que ao invés de irmos para os EUA, iríamos para o Japão pois todos os meus familiares por parte de mãe moravam lá. Assim, eu poderia economizar o dinheiro do hotel e reduzir alguns gastos diários que teríamos nos EUA.
Fizemos as contas, juntamos o dinheiro, e para ajudar achamos uma promoção fantástica: ida e volta para o Japão por US$999.
Irei contar detalhes dessa viagem mais pra frente em outro post. Porém, o mais importante de ressaltar sobre essa viagem é como ela mudou a minha vida. Vamos lá, de forma rápida e resumida:
- Viajei, conheci lugares novos, uma cultura incrível e pessoas totalmente diferentes das que já conheci antes.
- Pedi minha namorada em Casamento em um dos pontos turísticos mais bonitos do Japão.
- Ela aceitou.
- Revi meus familiares que não via há mais de 10 anos.
- Resolvi começar a aprender Nihongo (língua japonesa).
- Conheci o escritório da minha empresa no Japão e um de seus diretores.
- Deixei de ser tão ignorante (pelo menos em relação a viagens, rs).
E foram esses somente 15 dias no Japão que iniciariam a maior mudança na minha vida.
De volta ao Brasil retomei minha costumeira rotina, mas ainda focado em tudo que havia aprendido durante minha ida ao Japão. Continuei estudando japonês, comecei a pesquisar mais sobre o país, sobre a cultura e comecei a me planejar para retornar o mais breve possível.
Nesse meio tempo mantive contato com o Diretor da minha empresa no Japão e demonstrei interesse para o meu Diretor no Brasil de que, caso houvesse a oportunidade, eu gostaria de passar um tempo trabalhando lá.
E foi em Abril de 2016 que a oportunidade que mudaria a minha vida apareceu. O meu Diretor do Brasil falou de uma possível oportunidade, mas que seria uma transferência e não uma alocação temporária.
Refleti por muito tempo, conversei com minha família, com minha noiva, com meus amigos, com todas as pessoas que vocês podem imaginar, afinal, seria uma mudança radical na minha vida. Eu, Victor Akamine, na época com 27 anos, morando com os pais, trabalhando há quase 7 anos na mesma empresa, no mesmo cliente, uma pessoa que nem gostar de viajar gostava até 1 ano atrás, me mudar para outro país o qual não dominava a língua, não conhecia as pessoas e nem de longe teria a rotina que eu tanto gostava.
Porém, era uma oportunidade única, onde eu poderia estar trabalhando em um dos polos de tecnologia e inovação do mundo, onde poderia aprender e evoluir não somente no lado profissional, mas também no pessoal. Teria a oportunidade de aprender uma nova língua. Aprender a trabalhar com profissionais de culturas diferentes da minha.
Por fim, decidi. E no dia 17 de Julho embarquei em busca de um grande sonho e de grandes desafios no Japão.
A trajetória de Abril/2016 até hoje não foi fácil. Apesar de ser um sonho se realizando, os desafios se mostraram grandiosos também. No próximo post falarei um pouco de como foram os trâmites legais para a mudança de País e um dos maiores desafios para um estrangeiro no Japão: Alugar uma residência.
Ah, e se eu pudesse dar um conselho hoje para quem quer ir viajar ou até mudar de País? Tomo a liberdade de usar duas citações de filmes que gosto muito:
This entry was posted in Japão“To see the world, things dangerous to come to, to see behind walls, draw closer, to find each other, and to feel. That is the purpose of life.” (The Secret Life of Walter Mitty, 2013)
“There is no place like home” (Wizard of Oz, 1939)
Acompanhei toda essa mudança de perto e admiro muito o foco e determinação do Victor. Vai que vai Victão! Ainda te visito por aí!